VENTURA E DANAÇÃO DE UM SALTA-MUROS NO TEMPO DA DITADURA

BEIRA DE RIO, CORRENTEZA - ventura e danação de um salta-muros no tempo da Ditadura - Nas boas livrarias e em www.mauad.com.br

domingo, 12 de dezembro de 2010

TEMPO É CORRENTEZA, RIO É VIDA

"Na verdade, Carlos Barbosa faz o mundo de Gero ser montado em nossa frente. O livro nos move, realmente, para um espaço de uma beira de rio e sua correnteza. O autor traz um livro inundado de vidas aventurescas, de um amor virginal. Traz também a rudeza de anos que mancharam a história do Brasil com sangue e chumbo.
Em termos de literatura, o romance tem uma visão contemporânea do São Francisco. Diferentemente daquela visão do homem sofredor que vive da pesca sazonal. É um livro que traz a linguagem local, das comunidades ribeirinhas, mas que não faz disso um estereótipo e sim uma memória.
Atualmente, Carlos Barbosa é um dos poucos autores baianos que trabalham com uma linha menos urbana. Mesmo tratando do cotidiano de uma cidade, o vapor poluído e pesado da urbanização não chega a afetar o frescor natural sãofranciscano. Beira de rio, correnteza se faz importante também por constituir-se como um agregador para a literatura sobre o interior da Bahia. Geografia tão mágica e intensa quanto a urbanóide, tão vista e explorada na contemporaneidade baiana.
Esse livro flerta com o amor, a politica e a história. E poderia ser reconhecido como qualquer uma dessas linhas literárias. Beira de rio, correnteza é poesia em prosa, é regionalista universalmente brasileiro."

Trecho da resenha escrita pelo estudante de jornalismo Thiago Santos Sant'Ana, lida no dia 06, segunda-feira passada, no seminário "Territórios da ficção: memória e política", da disciplina optativa de Literatura Brasileira, ministrada pelo professor e escritor Carlos Ribeiro, no curso de Comunicação Social da UFRB.

domingo, 17 de outubro de 2010

O ROMANCE NO "LEITURAS"



O jornalista e escritor Maurício Melo Jr comentou o "Beira de rio, correnteza" em seu programa "Leituras", na TV Senado, na edição de 21.06.10. O programa pode ser assistido, e baixado, seguindo o link:

http://www.senado.gov.br/noticias/tv/programaListaPadrao.asp?COD_VIDEO=3721

Fica o registro e a indicação do "Leituras" para os leitores: sábado, 19:30h, e domingo, 08:00h.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

BEIRA DE RIO



Beira de rio muda sua aparência a cada ano, depois da enchente, mesmo com rígido cais de pedra a defini-la. Nem o rio nem sua margem permanecem intactos à correnteza. Correnteza é tempo, beira de rio é matéria que o tempo arrasa e arrasta.

[..]

Observar o fluir do rio é conceber o próprio tempo, frio, enrugado, inexorável, massa bruta e implacável em busca de foz, fim dos pequenos fios. E, também, o desdobrar das existências humanas e animais que seu fluir criou e depois carregou, em sua história de rio e corredor.


Trechos do capítulo 22 do romance "Beira de rio, correnteza".
Imagem: Bol Fotos, Militão dos Santos, Los Angeles

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MINHA FALA EM XIQUEXIQUE

Vai abaixo trecho da minha fala na abertura da VI Semana de Letras do campus da Uneb em Xiquexique (leiam post anterior):

Sou sertanejo, sou barranqueiro. Eu tive um rio e tive um sertão. As correntezas do tempo poderão a tudo destruir, menos o rio e o sertão que carrego na memória, a quem dedico afeto filial e que dão volume e consistência à minha emoção.

E, para finalizar, se sertão é insuficiência e despreparo, o Universo é o exemplo mais completo de sertão, pois em constante expansão, em explosões de estrelas, em contrações de buracos negros, em pulsação de quasares, em busca de uma completude inalcançável, posto que infinito.

Assim, mais que o sertão que possamos carregar na memória, nós, seres humanos, habitantes da precariedade, somos também exemplo acabado de sertão, em nossa insuficiência, em nosso despreparo face às exigências da vida contemporânea.

No entanto, feito sertão e rio, plural e vário, devemos atentar para a lição do poeta Manoel de Barros: “A maior riqueza do homem é a sua incompletude / Nesse ponto sou abastado. / Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito. / Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. / Perdoai. / Mas eu preciso ser Outros. / Eu penso renovar o homem usando borboletas.”


sábado, 25 de setembro de 2010

DE VOLTA DE XIQUEXIQUE

Recebi uma homenagem inesperada e maravilhosa em Xiquexique. Imaginava que o tema da semana, inspirado em meu romance Beira de rio, correnteza, e a minha presença na VI Semana de Letras, como conferencista na abertura do evento, fossem todo o conteúdo da homenagem. Mas, não. Além disso e de ser muito bem recepcionado, ao lado de Mônica, por dirigentes, professores e alunos do Campus da Uneb na cidade, entregaram-me uma placa com dizeres de emocionar pedras. Isso, depois de um grupo de alunos dizer trechos dos romances, encerrando a solenidade de abertura, como se poemas fossem. Tive que me esforçar um bocado para não entregar-me às lágrimas.

Assisti a apresentação de uma comunicação intitulada "Entre vapores e amores: paixão, desejo e morte na obra A dama do Velho Chico", por Adriana S. de Santana, Joseilton R. do Bonfim e Samara de A. Hormes. Esse é o quarto trabalho que os três estudantes escrevem sobre o romance.

Entregaram-me cópias de quatro outros artigos - "Representações culturais em A dama do Velho Chico: a dança de São Gonçalo" e "A travessia da pós-modernidade pelos sertões da narrativa de Carlos Barbosa", por Gabriella B. de Souza e Ozenita e S. Marçal; e "Travessias e dualidades da representação sertaneja em Grande Sertão: Veredas e A dama do Velho Chico", por Gabriella, Ozenita e Rita de Cássia C. Cordeiro; e, "A representação da identidade sertaneja na obra A dama do Velho Chico", por Reinata M. Silva e Verlaneyde M. de Sá Koch - que aprofundam o estudo naquele campus do meu primeiro romance. Disseram-me que vem mais por aí.

Sou muito grato a todos, e mais não direi para não correr o risco de piegar excessos.

Adiante, postarei trechos da conferência. Mais detalhes, visitem o site www.uneb.br.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

EM XIQUEXIQUE, DIA 22



No dia 22 de setembro será a abertura da Semana de Letras do Campus da UNEB em Xiquexique. E o "Beira de rio, correnteza" inspirou o tema deste ano: Sertões e Correnteza: espaços e imaginários. Escalaram este escriba para falar na abertura do evento, no que me sinto honrado e contente. Agradeço à professora e escritora Ângela Vilma, pelo fio condutor, aos professores e à direção do Campus por essa oportunidade. Estaremos lá, então, s.D.q., levando algumas ideias e o livro para lançamento. Tudo o mais precisa maturar, pois correnteza é-vem e é-vai.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

NO SIDARTA, DE SONIA COUTINHO

A escritora Sonia Coutinho, baiana radicada no Rio de Janeiro, divulgou em seu Jornal Sidarta, que está no ar, o trabalho recente de autores baianos. Entre eles, este escriba, e um trecho do "Beira de rio, correnteza".

Visitem www.jornalsidarta.blogspot.com e vejam e leiam muito mais.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DIVULGUEM E APAREÇAM DIA 24 DE AGOSTO, TERÇA-FEIRA


DIA 24 DE AGOSTO, PRÓXIMA TERÇA-FEIRA, NA LIVRARIA TOM DO SABER.


(leia mais no "Minicontos" e "Ângela e Mônica", aí do lado)

sábado, 14 de agosto de 2010

ESPAÇO DO LEITOR (2)


Recebi hoje pelos Correios um exemplar do livro "Rio São Francisco: Vapores e Vapozeiros", Ed. dos Autores, Pirapora/MG, enviado por um deles, Domingos Diniz. Junto veio uma cartinha gentil e generosa. Reproduzo a seguir um trecho:

"Tenho em mãos o seu último filho literário de nome Beira de rio, correnteza. Dele tomei conhecimento num ótimo artigo asssinado pelo Carlos Herculano, no jornal Estado de Minas. Comprei-o em seguida. Na viagem de Brasília a BH, durante o voo, li umas 50 páginas. Gostei muito. Lembra-me, muita coisa, de Pirapora. Depois que terminar de ler, escrever-lhe-ei. Gosto muito do seu texto.
Li A dama do Velho Chico. Excelente. Estilo gostoso de se ler. Linguagem clara, objetiva, com laivos poéticos.
[...]
Continuo contra a transposição das águas do São Francisco. Não há água. Os agronegócios beberam, bebem e beberão toda a água. Depois vomitarão pedras e urinarão lama."

Já me ponho ansioso à espera da carta do Domingos. O livro que me enviou está muito bem cuidado, com uma iconografia preciosa, uma extensão de pesquisa impressionante. Fico devendo a vocês um comentário mais amplo no "Minicontos", e mais um pouco da apreciação crítica do escritor e pesquisador barranqueiro Domingos Diniz.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CARLOS HERCULANO LOPES ESCREVE NO ESTADO DE MINAS


O premiado escritor e jornalista mineiro Carlos Herculano Lopes escreveu e publicou matéria sobre o "Beira de rio, correnteza", na edição de 29 de julho último, do jornal Estado de Minas. Destaco trechos do texto:
"O jornalista e escritor baiano Carlos Barbosa começou a ficar conhecido fora das rodas literárias do seu estado em 2002, quando lançou, pela editora Bom Texto, o romance A dama do Velho Chico, história de primeira ocorrida às margens do São Francisco, que tem servido de inspiração a tanta gente. O cenário se repete em Beira de rio, correnteza..., que acaba de sair pela mesma editora.
[...]
'Ao criar a história de Gero e Liana, ela veio de ótima maneira, sem pesquisa histórica, sem o apoio de documentação oficial, mas com base quase que esclusivamente em minhas memórias', conta Barbosa.
Sendo assim, qualquer semelhança com os fatos narrados pode não ser mera coincidência. Afinal de contas, o sertão, como já lembrava Guimarães Rosa, está em toda parte; suas histórias, em muitos livros, como esse ótimo Beira de rio, correnteza com que Carlos Barbosa acaba de nos brindar."

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ÂNGELA VILMA COMENTARIA


No Encontro Literário do último dia 15, Ângela Vilma e Janaína Amado comentaram excerto de "A dama do Velho Chico". Não deu tempo para comentarem o "Beira de rio, correnteza". Mas adianto aqui um trecho do comentário que Ângela Vilma preparou para o excerto de BRC em que o protagonista Gero conhece a misteriosa Liana:

"No trecho retirado para leitura é onde começa a aventura de Gero e se agiganta a aventura da linguagem de Carlos Barbosa. É o momento da iniciação, no qual Gero salta o muro pela primeira vez e dá de cara com o amor. Também com o mistério. Também com a História. Mais especial que tudo, é o momento em qu Gero dá de cara com a própria vida e seus gestos mais prazerosos e cruéis. E isso só foi possível porque naquele dia iria mergulhar no Velho Chico (prazer) e uma boiada perversa lhe impossibilitou o caminho. O que fazer diante de um obstáculo que poderia lhe massacrar? Saltar um muro. É essa metáfora que nos conduz durante toda a leitura do livro, de muro em muro saltado por Gero. Saltar o muro é sair de um momento adverso para encontrar o momento de salvação, o momento do amor. Só que do outro lado do muro saltado, que é o momento do amor, também não deixa de haver adversidade. Eis o paradoxo que coabita o livro, que é a ventura e a danação desse menino matusquelo.

Percebe-se no excerto lido aqui, que toda a narração ganha uma atmosfera mágica, encantatória, coisa que já foi dita sobre a palavra literária de Carlos Barbosa. Esse poder de encanto provém da dicção límpida, clássica, numa linguagem sempre comprometida com a poesia: a poesia dos seres, dos momentos, do mundo."

Perdemos todos de ouvir muito mais ainda. Mas esse muito guardarei aqui comigo. Fica essa fatia preciosa de um prêmio que o romance recebeu naquele dia, assim, silencioso como deve ser toda e qualquer preciosidade. Pois ser aprovado pela leitora Ângela Vilma equivale a ganhar um prêmio, desses diamantados.


Imagem: www.academiadeletrasdabahia.org.br, por Leonardo Moraes

domingo, 18 de julho de 2010

O ENCONTRO NA ACADEMIA






Na tarde-noite do dia 15, quinta passada, aconteceu a nona edição dos Encontros Literários, enfocando textos de Aramis Ribeiro Costa e meus, com os comentários de Ângela Vilma e Janaína Amado e coordenação de Carlos Ribeiro. Plateia pequena mas extremamente qualificada, o que propiciou um ambiente receptivo à leitura dos textos pelos autores e comentadoras. Adiante, postarei trechos dos comentários. Por hora ficam estas fotos e meus agradecimentos aos que compareceram ao evento e à Academia e organizadores pela oportunidade conferida à minha literatura. Os interessados podem visitar o site da Academia de Letras da Bahia e ver fotos e videos do evento.



Imagens: www.academiadeletrasdabahia.com.br, por Leonardo C. Moraes

sábado, 17 de julho de 2010

ELIESER CESAR ESCREVE

RIO QUE CORRE NA VIDA

ELIESER CESAR


Escrito em linguagem fluente como um rio – de águas cristalinas – que corre manso e desemboca na foz da vida e da experiência, Beira de Rio, Correnteza – ventura e danação de um salta-muros no tempo da ditadura, novo romance de Carlos Barbosa, baiano ribeirinho do São Francisco, é um romance de formação, o bildungsroman dos alemães. O garoto Gero, personagem central do romance, enfrenta a difícil travessia do menino para o homem, sempre banhada em águas turvas, em dúvidas e incertezas, mas inexorável como a correnteza que a tudo arrasta e leva consigo no leito caudaloso do seu próprio rio. Rio da vida, do tempo e mudanças contínuas, para o garoto que conhece a morte, o amor, a solidão e, por fim, a dor amor que deixa cicatrizes no corpo e na alma, mas que diferencia e afasta, irrevogavelmente (como o destino de um afogado), a criança do adulto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ESPAÇO DO LEITOR (1)



"Li o livro e já reli algumas partes. Maravilha. Parabéns!!! Eu
queria ter sido Gero.

Chorei, chorei, chorei. Vc nao acretida, mas eu estava muito
abalado emocionalmente no instante em que li o livro. Programei tudo
para ter tempo disponivel e calmamente ler o "Correnteza" no domingo, mas
eis que surge uma dor na minha omoplata que incomodava e atrapalhava. Li
poucas páginas. Na segunda-feira pela manhã acordei com a dor atravesada
para o braço e peito esquerdos. Doía tanto que imaginei ser um problema
no coração e que poderia faltar no momento mais precioso da minha vida.
Aí fui rezando para a emergência de um hospital e levando o livro, pois
sabia que emergência é um nome que apenas justifica inúmeros exames
feitos lentamente e com resultados demorados.
Fiquei no hospital cinco horas "sob observação", tempo suficiente para
chorar cântaros enquanto lia "nossa história". As lágrimas começaram
no relato do jogo de futebol, igual a tantos que vi e que estavam
escondidos na minha mente.
Aí fui lembrando dos memoráveis jogos que assisti na adolescência com a
sensação e a emoção de uma guerra. Lia, divagava, chorava. As enfermeiras
vinham perguntar o que era. Só faltou fazerem curativos nas minhas feridas."

Artur Henrique Rosa Matos
publicitário e bancário

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O ROMANCE EM IBOTIRAMA










Mônica não pode ir a Ibotirama. Mas Bibi foi. E assim reunimos um bom grupo de interessados no encontro com o romance e com este que vos fala. Registro aqui o meu mais pleno agradecimento à ACCARI, que patrocinou o coquetel e a ornamentação das mesas, fazendo ainda a divulgação do evento na mídia local, ao GARAGEM BAR, na figura empolgada do Binho Mariano, que cedeu o local e deu apoio logístico e divulgação ao lançamento, e a todos que colaboraram para uma agradável noite. Gostei muito de tudo, parabéns a todos. Ainda não encontrei aqui uma fotografia com meu padrinho Eládio Almeida Pinto, ex-prefeito da cidade nos idos dos anos 1960, que marcou presença generosa, levando livros para todos os familiares.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

CARLOS BARBOSA & MAYRANT GALLO NA UEFS - 17.06


Os autores lançam seus livros mais recentes, Beira de rio: correnteza e Nem mesmo os passarinhos tristes, fazem leitura pública e conversam com os leitores, na UEFS, dia 17 de junho, a partir das 14 horas. O evento é uma iniciativa do Núcleo de Leitura Multimeios, da UEFS.

PROGRAMAÇÃO:
14:00 – Recital
14:30 – Leitura pública e conversa com os autores
16:00 – Sessão de autógrafos
16:30 – Café literário

LOCAL:
Universidade Estadual de Feira de Santana
Auditório IV, Módulo 6

sábado, 12 de junho de 2010

RESENHA PUBLICADA EM 'A TARDE'

DENSA CORRENTEZA DE POESIA E DRAMA

RUY ESPINHEIRA FILHO



Autor, entre outras obras (conto e poesia), do romance A dama do Velho Chico, lançado pela Bom Texto em 2002, selecionado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para o PNBE (Programa Nacional Biblioteca Escola), em 2009, Carlos Barbosa nos leva de volta às margens do rio São Francisco, onde se passa a história, repleta de histórias, de Beira de rio, correnteza – ventura e danação de um salta-muros no tempo da ditadura. E se já no livro anterior se mostrava romancista capaz de uma narrativa segura, intensa, nesta nova obra revela-se ainda mais senhor de sua arte, com a qual nos conta a ventura e a danação de Gero, um garoto de 14 anos de idade, que se firma como um dos personagens jovens mais dramaticamente importantes da literatura brasileira.

Não há, neste juízo, nenhum exagero. Gero é mais do que convincente: é vivo. Inicialmente adolescente comum, com idéias, sonhos, interrogações e medos comuns, de todos os adolescentes – mas não dos mais destacados, tido até como um molenga –, aos poucos se vai envolvendo, um tanto por acaso e muito devido ao seu caráter inquieto e corajoso, em situações venturosas e danadas, principalmente com a descoberta do amor, da felicidade e, logo, da traição, do ciúme, de impulsos ainda em si insuspeitados. E tudo numa pequena cidade em que transitam ocultamente guerrilheiros fugitivos, perseguidos por soldados da ditadura militar, estes aterrorizando a comunidade, invadindo casas, suspeitando de todos, prendendo, interrogando, espancando, torturando – como no caso do inocente Zé de Gino, que depois das torturas não teve mais forças para a vida. O que aconteceu, de fato, com muitos inocentes, em várias regiões do país.

Lá está a presença sinistra da ditadura. Lá estão as sombras de dois guerrilheiros: Carlos Lamarca e Zequinha Barreto, cujos nomes jamais são pronunciados. Lá, além de um muro que Gero precisa saltar para não morrer, está, inesperadamente, o amor. E, em meio a tudo, o Velho Chico, com as águas mansas, ou irritadas, ou líricas, ou traiçoeiras, passando, passando...

O rio. Pelo menos desde Heráclito de Efeso, a mais perfeita metáfora da vida. Aliás, Carlos Barbosa nos diz: “Observar o fluir do rio é conceber o próprio tempo, frio, enrugado, inexorável, massa bruta e implacável em busca de foz, fim dos pequenos fios. E, também, o desdobrar das existências humanas e animais que seu fluir criou e depois carregou em sua história de rio e corredor.”

Lemos a história de Gero, mas também visitamos a história de um tempo e de um lugar, desde eras remotas. Trata-se, pois, de um romance bem mais vasto do que sugerem suas 208 páginas. Viajamos pela alma de Gero, pelos acontecimentos que o envolvem e em que se envolve voluntariamente, mas também estamos em contato com a alma da terra, de uma secular aventura humana à beira de um rio. O mistério do desaparecimento de Toninho, irmão mais velho de Gero, craque de futebol; o espetáculo da morte de Zé Dugogue; a doçura – e também o mistério – de Liana; a metralha dos soldados... Estes e outros momentos fortes, como tantos mais, são narrados em estilo enxuto, preciso, mas nunca áspero, pedregoso. Na verdade, o leitor logo percebe que Beira de rio, correnteza é tão perpassado pelo rio quanto pela poesia.

Com esta sua nova publicação, Carlos Barbosa vem enriquecer, e muito, a literatura brasileira, especialmente a ficção baiana, adentrando a atmosfera dramática e telúrica de um Herberto Sales, por exemplo. Um livro denso e maduro. Um belo romance.

Ruy Espinheira Filho é poeta e ficcionista.

Resenha publicada na edição de hoje, 12.06.2010, no Caderno 2+ do jornal A Tarde, Salvador/BA

quinta-feira, 10 de junho de 2010

NOITE DO LANÇAMENTO EM SALVADOR










Apenas algumas fotos. Tenho tudo gravado em mim. Saímos da LDM às 21h e tudo passou muito rápido. Deixo aqui uma correnteza de agradecimentos aos que compareceram. E aos que colaboraram para que o livro tivesse uma anunciação tão calorosa. Agora, vamos a Feira e depois à beira do rio, onde tudo começou.

domingo, 30 de maio de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

9 DE JUNHO NA LDM



Lançamento do romance BEIRA DE RIO, CORRENTEZA (Bom Texto Editora/RJ), dia 9 de junho, quarta-feira, das 17 às 21 horas, na Livraria LDM, rua Direita da Piedade, 20/22, Centro, Salvador - BA.


"Em seu segundo romance, Carlos Barbosa volta a nos presentear com o rio e sua grande metáfora; com a História e suas intensas verdades individuais; com a composição perfeita entre forma e tema, em páginas memoráveis, nas quais a poesia se mescla ao drama e ao ensaio, numa comprovação madura das forças que o romance, enquanto gênero para sempre inacabado, pode nos oferecer. Sendo História, Beira de rio, correnteza é, portanto, em primeira mão, a história de Gero. Gero, um menino "amarelo", "berelelo", "matusquelo", um menino "fraquinho", mas saltador de muros, vivendo todos os mistérios do "venerável, velho rio", o São Francisco, Velho Chico, na intimidade de suas brenhas. O tempo é aquele da perseguição ao ex-capitão Carlos Lamarca - que desertara do exército, optando pela luta armada contra a ditadura militar - e ao seu camarada Zequinha, no sertão da Bahia, década de 1970."


Trecho do texto da orelha de BEIRA DE RIO, CORRENTEZA, de autoria de Ângela Vilma, escritora e doutora em Teoria da Literatura pela UFPE.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

LANÇAMENTO DIA 09 DE JUNHO



Vem aí, no dia 09 de junho, na livraria LDM, na rua Direita da Piedade, das 17 às 21 horas, meu novo romance "Beira de rio, correnteza", que tem como subtítulo, "Ventura e danação de um salta-muros no tempo da Ditadura", publicado pela Bom Texto Editora, do Rio de Janeiro.

Apareça, divulgue!