VENTURA E DANAÇÃO DE UM SALTA-MUROS NO TEMPO DA DITADURA

BEIRA DE RIO, CORRENTEZA - ventura e danação de um salta-muros no tempo da Ditadura - Nas boas livrarias e em www.mauad.com.br

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ÂNGELA VILMA COMENTARIA


No Encontro Literário do último dia 15, Ângela Vilma e Janaína Amado comentaram excerto de "A dama do Velho Chico". Não deu tempo para comentarem o "Beira de rio, correnteza". Mas adianto aqui um trecho do comentário que Ângela Vilma preparou para o excerto de BRC em que o protagonista Gero conhece a misteriosa Liana:

"No trecho retirado para leitura é onde começa a aventura de Gero e se agiganta a aventura da linguagem de Carlos Barbosa. É o momento da iniciação, no qual Gero salta o muro pela primeira vez e dá de cara com o amor. Também com o mistério. Também com a História. Mais especial que tudo, é o momento em qu Gero dá de cara com a própria vida e seus gestos mais prazerosos e cruéis. E isso só foi possível porque naquele dia iria mergulhar no Velho Chico (prazer) e uma boiada perversa lhe impossibilitou o caminho. O que fazer diante de um obstáculo que poderia lhe massacrar? Saltar um muro. É essa metáfora que nos conduz durante toda a leitura do livro, de muro em muro saltado por Gero. Saltar o muro é sair de um momento adverso para encontrar o momento de salvação, o momento do amor. Só que do outro lado do muro saltado, que é o momento do amor, também não deixa de haver adversidade. Eis o paradoxo que coabita o livro, que é a ventura e a danação desse menino matusquelo.

Percebe-se no excerto lido aqui, que toda a narração ganha uma atmosfera mágica, encantatória, coisa que já foi dita sobre a palavra literária de Carlos Barbosa. Esse poder de encanto provém da dicção límpida, clássica, numa linguagem sempre comprometida com a poesia: a poesia dos seres, dos momentos, do mundo."

Perdemos todos de ouvir muito mais ainda. Mas esse muito guardarei aqui comigo. Fica essa fatia preciosa de um prêmio que o romance recebeu naquele dia, assim, silencioso como deve ser toda e qualquer preciosidade. Pois ser aprovado pela leitora Ângela Vilma equivale a ganhar um prêmio, desses diamantados.


Imagem: www.academiadeletrasdabahia.org.br, por Leonardo Moraes

domingo, 18 de julho de 2010

O ENCONTRO NA ACADEMIA






Na tarde-noite do dia 15, quinta passada, aconteceu a nona edição dos Encontros Literários, enfocando textos de Aramis Ribeiro Costa e meus, com os comentários de Ângela Vilma e Janaína Amado e coordenação de Carlos Ribeiro. Plateia pequena mas extremamente qualificada, o que propiciou um ambiente receptivo à leitura dos textos pelos autores e comentadoras. Adiante, postarei trechos dos comentários. Por hora ficam estas fotos e meus agradecimentos aos que compareceram ao evento e à Academia e organizadores pela oportunidade conferida à minha literatura. Os interessados podem visitar o site da Academia de Letras da Bahia e ver fotos e videos do evento.



Imagens: www.academiadeletrasdabahia.com.br, por Leonardo C. Moraes

sábado, 17 de julho de 2010

ELIESER CESAR ESCREVE

RIO QUE CORRE NA VIDA

ELIESER CESAR


Escrito em linguagem fluente como um rio – de águas cristalinas – que corre manso e desemboca na foz da vida e da experiência, Beira de Rio, Correnteza – ventura e danação de um salta-muros no tempo da ditadura, novo romance de Carlos Barbosa, baiano ribeirinho do São Francisco, é um romance de formação, o bildungsroman dos alemães. O garoto Gero, personagem central do romance, enfrenta a difícil travessia do menino para o homem, sempre banhada em águas turvas, em dúvidas e incertezas, mas inexorável como a correnteza que a tudo arrasta e leva consigo no leito caudaloso do seu próprio rio. Rio da vida, do tempo e mudanças contínuas, para o garoto que conhece a morte, o amor, a solidão e, por fim, a dor amor que deixa cicatrizes no corpo e na alma, mas que diferencia e afasta, irrevogavelmente (como o destino de um afogado), a criança do adulto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ESPAÇO DO LEITOR (1)



"Li o livro e já reli algumas partes. Maravilha. Parabéns!!! Eu
queria ter sido Gero.

Chorei, chorei, chorei. Vc nao acretida, mas eu estava muito
abalado emocionalmente no instante em que li o livro. Programei tudo
para ter tempo disponivel e calmamente ler o "Correnteza" no domingo, mas
eis que surge uma dor na minha omoplata que incomodava e atrapalhava. Li
poucas páginas. Na segunda-feira pela manhã acordei com a dor atravesada
para o braço e peito esquerdos. Doía tanto que imaginei ser um problema
no coração e que poderia faltar no momento mais precioso da minha vida.
Aí fui rezando para a emergência de um hospital e levando o livro, pois
sabia que emergência é um nome que apenas justifica inúmeros exames
feitos lentamente e com resultados demorados.
Fiquei no hospital cinco horas "sob observação", tempo suficiente para
chorar cântaros enquanto lia "nossa história". As lágrimas começaram
no relato do jogo de futebol, igual a tantos que vi e que estavam
escondidos na minha mente.
Aí fui lembrando dos memoráveis jogos que assisti na adolescência com a
sensação e a emoção de uma guerra. Lia, divagava, chorava. As enfermeiras
vinham perguntar o que era. Só faltou fazerem curativos nas minhas feridas."

Artur Henrique Rosa Matos
publicitário e bancário