VENTURA E DANAÇÃO DE UM SALTA-MUROS NO TEMPO DA DITADURA
domingo, 17 de outubro de 2010
O ROMANCE NO "LEITURAS"
O jornalista e escritor Maurício Melo Jr comentou o "Beira de rio, correnteza" em seu programa "Leituras", na TV Senado, na edição de 21.06.10. O programa pode ser assistido, e baixado, seguindo o link:
http://www.senado.gov.br/noticias/tv/programaListaPadrao.asp?COD_VIDEO=3721
Fica o registro e a indicação do "Leituras" para os leitores: sábado, 19:30h, e domingo, 08:00h.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
BEIRA DE RIO
Beira de rio muda sua aparência a cada ano, depois da enchente, mesmo com rígido cais de pedra a defini-la. Nem o rio nem sua margem permanecem intactos à correnteza. Correnteza é tempo, beira de rio é matéria que o tempo arrasa e arrasta.
[..]
Observar o fluir do rio é conceber o próprio tempo, frio, enrugado, inexorável, massa bruta e implacável em busca de foz, fim dos pequenos fios. E, também, o desdobrar das existências humanas e animais que seu fluir criou e depois carregou, em sua história de rio e corredor.
Trechos do capítulo 22 do romance "Beira de rio, correnteza".
Imagem: Bol Fotos, Militão dos Santos, Los Angeles
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
MINHA FALA EM XIQUEXIQUE
Vai abaixo trecho da minha fala na abertura da VI Semana de Letras do campus da Uneb em Xiquexique (leiam post anterior):
Sou sertanejo, sou barranqueiro. Eu tive um rio e tive um sertão. As correntezas do tempo poderão a tudo destruir, menos o rio e o sertão que carrego na memória, a quem dedico afeto filial e que dão volume e consistência à minha emoção.
E, para finalizar, se sertão é insuficiência e despreparo, o Universo é o exemplo mais completo de sertão, pois em constante expansão, em explosões de estrelas, em contrações de buracos negros, em pulsação de quasares, em busca de uma completude inalcançável, posto que infinito.
Assim, mais que o sertão que possamos carregar na memória, nós, seres humanos, habitantes da precariedade, somos também exemplo acabado de sertão, em nossa insuficiência, em nosso despreparo face às exigências da vida contemporânea.
No entanto, feito sertão e rio, plural e vário, devemos atentar para a lição do poeta Manoel de Barros: “A maior riqueza do homem é a sua incompletude / Nesse ponto sou abastado. / Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito. / Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. / Perdoai. / Mas eu preciso ser Outros. / Eu penso renovar o homem usando borboletas.”