VENTURA E DANAÇÃO DE UM SALTA-MUROS NO TEMPO DA DITADURA

BEIRA DE RIO, CORRENTEZA - ventura e danação de um salta-muros no tempo da Ditadura - Nas boas livrarias e em www.mauad.com.br

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

MINHA FALA EM XIQUEXIQUE

Vai abaixo trecho da minha fala na abertura da VI Semana de Letras do campus da Uneb em Xiquexique (leiam post anterior):

Sou sertanejo, sou barranqueiro. Eu tive um rio e tive um sertão. As correntezas do tempo poderão a tudo destruir, menos o rio e o sertão que carrego na memória, a quem dedico afeto filial e que dão volume e consistência à minha emoção.

E, para finalizar, se sertão é insuficiência e despreparo, o Universo é o exemplo mais completo de sertão, pois em constante expansão, em explosões de estrelas, em contrações de buracos negros, em pulsação de quasares, em busca de uma completude inalcançável, posto que infinito.

Assim, mais que o sertão que possamos carregar na memória, nós, seres humanos, habitantes da precariedade, somos também exemplo acabado de sertão, em nossa insuficiência, em nosso despreparo face às exigências da vida contemporânea.

No entanto, feito sertão e rio, plural e vário, devemos atentar para a lição do poeta Manoel de Barros: “A maior riqueza do homem é a sua incompletude / Nesse ponto sou abastado. / Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito. / Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. / Perdoai. / Mas eu preciso ser Outros. / Eu penso renovar o homem usando borboletas.”


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